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Jaboatão entre os municípios da RMR que possui prédios com risco muito alto de desabamento

Nesse período de 13 anos, alguns prédios caíram e outros, como o Conjunto Muribeca, em Jaboatão, foram totalmente, ou parcialmente, demolidos

Do G1 PE

Foto: Reprodução/TV Globo


O Grande Recife tem 148 prédios em 94 endereços com risco muito alto de desabamento. O G1 Pernambuco elaborou um mapa com informações de geolocalização sobre essas construções com elevado risco de caírem na Região Metropolitana (confira acima), com base nos dados levantados pelo Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep).


Na maioria dos casos, pessoas continuam morando nesses endereços e muito pouco foi feito para mudar a situação das edificações desde 2010, quando as avaliações do Itep foram concluídas como parte de uma pesquisa financiada pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).


Nesse período de 13 anos, alguns prédios caíram e outros, como o Conjunto Muribeca, em Jaboatão, foram totalmente, ou parcialmente, demolidos.


Desde então, o relatório apontou 5,3 mil edifícios do tipo caixão com altura entre três e quatro andares nos municípios do Recife, de Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe e Paulista. Destes, cerca de 2 mil são considerados com risco alto de desabamento.


Os prédios do tipo caixão são edificações que, pela definição técnica, usam “alvenaria resistente na função estrutural”, em vez de concreto armado — ou seja, em que as próprias paredes sustentam a estrutura, sem o uso de vigas ou pilares.


O edifício Leme, em Olinda, que caiu no mês de abril deste ano, era um desses prédios que ruíram sem que qualquer medida fosse tomada para prevenir o desmoronamento.


No Recife, 83 prédios estão classificados dessa forma; em Olinda são 24 edifícios; Jaboatão dos Guararapes tem 22, e Paulista, 19 prédios com risco muito alto de caírem.


Por bairro, as maiores ocorrências de edifícios caixão com alto risco de desabamento são:


Jardim Atlântico (Olinda) - 24

Candeias (Jaboatão) - 16

Iputinga (Recife) - 14

Janga (Paulista) - 13

Imbiribeira (Recife) - 13

Várzea (Recife) - 11


Engenheiro civil do Itep e professor da Escola Politécnica de Pernambuco (Poli UPE), Carlos Wellington Pires explicou que o modelo construtivo dos prédios caixão – muito difundido em Pernambuco a partir da década de 1970, não tem norma, ou embasamento técnico.


“Em 2005, depois de vários casos de desabamento, a construção de prédios caixão foi proibida em Pernambuco, a partir de um trabalho liderado pelo Ministério Público. Uma ação civil pública determinou que as prefeituras deveriam encaminhar as vistorias e laudos dos prédios e, a partir de uma metodologia desenvolvida pelo Itep, definir o que deveria ser feito", explicou o engenheiro civil.


Segundo Carlos Wellington, a metodologia desenvolvida pelo Itep foi realizada em três etapas, incluindo caracterização e localização das construções; a elaboração de uma ficha de caracterização dos prédios com uma escala de grau de risco, com quatro classificações: baixo, médio, alto e muito alto.


A terceira etapa seria para os prédios que exigissem um projeto de reforço, elaborarem esse projeto e apontarem como poderiam ser executadas essas soluções.


Entre 2004 e 2010, o Itep conseguiu aprovar na Finep um projeto de pesquisa sobre os prédios caixão e nesse período desenvolveu diversas técnicas de reforço estrutural desse tipo de construção.



"Foram feitos ensaios em mais de 500 paredes no Itep e chegamos a modelos de recuperação. O Itep domina essa tecnologia e esta tecnologia está disponível para a sociedade e já foi usada por várias construtoras. Inclusive temos um cálculo estimado de custo para essas obras, dependendo da técnica indicada para a recuperação", explicou Carlos Wellington Pires, que acredita que a recuperação dos edifícios é uma solução mais adequada do que a demolição.


De acordo com os estudos desenvolvidos pelo Itep, dependendo da tecnologia empregada, seriam necessários valores entre R$ 20 mil e R$ 35 mil por unidade habitacional, para recuperar os edifícios.


"A maioria dos moradores não tem esse dinheiro, mas a mediação de uma entidade, que podem ser as prefeituras, poderia ajudar a solucionar esse problema. Talvez financiando esses valores, com parcelas que seriam economicamente mais viáveis e econômicas do que os recursos gastos com o pagamento de aluguéis e assistência social durante todos esses anos. Derrubar os prédios, simplesmente, é criar vazios urbanos. É possível recuperar os edifícios com a tecnologia já desenvolvida pelo Itep", defende o engenheiro civil.


Confira a cronologia dos acidentes envolvendo prédios caixão no Grande Recife:


Confira a cronologia dos acidentes envolvendo prédios caixão no Grande Recife:


1977 – Edifício Giselle (Jaboatão dos Guararapes; ruiu – 22 pessoas mortas)

1992 – Edifício Baronati (Olinda; ruiu parcialmente)

1994 – Edifício Bosque das Madeiras (Engenho do Meio, Recife; ruiu ainda em construção)

1996 – Edifício Nossa Senhora da Conceição (Piedade, Jaboatão dos Guararapes; ruiu parcialmente)

1997 - Edifício Aquarela (Piedade, Jaboatão dos Guararapes; desabou parcialmente e foi demolido depois)

1999 - Edifício Éricka (Jardim Fragoso, Olinda; desabou - com 5 pessoas mortas)

1999 - Bloco B do Edifício Enseada de Serrambi (Olinda; ruiu - 7 pessoas mortas)

2001 - Edifício Ijuí (Candeias, Jaboatão dos Guararapes; desabou)

2007 - Bloco A do Edifício Sevilha (Piedade, Jaboatão dos Guararapes)

2009 - Bloco 155 do Conjunto Muribeca (Jaboatão dos Guararapes; ruiu parcialmente)

2010 – Bloco A do Conjunto Residencial Boa Viagem (Recife; ruiu parcialmente)

2012 - Edifício Olinda (Santo Amaro, Recife; passou 8 meses interditado)

2013 - Bloco C do Edifício Emílio Santos (Boa Viagem, Recife; ruiu parcialmente)

2013 - Dois blocos do Conjunto Residencial Eldorado (Arruda, Recife; ruíram parcialmente - outros 12 blocos interditados)

2014 - Edifício Emílio Santos (Boa Viagem, Recife; desabou parcialmente)

2017 - Edifício Agave (Jardim Fragoso, Olinda; desabou)

2020 - Edifício no Janga (Paulista; desabou)

2022 - Prédio de três andares desabou parcialmente (Iputinga, Recife)

2023 – Edifício Leme (Olinda; já estava interditado e ruiu - 6 pessoas mortas)

2023 – Bloco 7 do Conjunto Beira Mar (Paulista, já estava interditado, ruiu parcialmente; 14 pessoas mortas)



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