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Artigo: "Fallout nos mostra que para os capitalistas o fim do mundo é apenas um detalhe..." por Thiago Modenesi

Atualizado: 6 de mai.

Foto: Divulgação


Confira o artigo: "Artigo: "Fallout nos mostra que para os capitalistas o fim do mundo é apenas um detalhe..." professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), historiados, especialista em Ciência Política, Pedagogo, bacharel em Direito, doutor em Educação e presidente do PCdoB de Jaboatão dos Guararapes, Thiago Modenesi.


Confira o artigo abaixo:


Fallout nos mostra que para os capitalistas o fim do mundo é apenas um detalhe...

O que ocorre quando o Estado dá a iniciativa privada plenos poderes para definir o futuro da humanidade? Poucas vezes um seriado foi tão feliz em nos apresentar o panorama da ascensão do controle de área estratégicas por parte das grandes corporações privadas, como segurança nacional, emissão de moedas e meios de comunicação.


A adaptação do célebre jogo feita pela Amazon Prime Vídeo consegue sem muito alarde trazer uma excelente série, com atuações de qualidade e uma narrativa consistente, cheia de reviravoltas, que vai aos poucos entregando os detalhes nas pequenas nuances que nos mostram que nem tudo é o que parece.


A trama começa com a explosão da bomba atômica em mundo fictício marcado por uma guerra fria entre a “América” e os russos. Depois assistimos em flashbacks durante os episódios a movimentação de um consórcio de grandes empresas para construir refúgios e soluções tecnológicas para sobreviver a um possível inverno nuclear (justamente aquele que abre a série...).


Mas como garantir a necessidade de uso desses abrigos? De que maneira exercitar os laboratórios sociais e antropológicos que virão a ser os refúgios? Vamos sendo apresentados a disputa pela riqueza maior, a do controle sobre as pessoas, sua narrativa, seu modo de vida e costumes, construído pelas empresas, que tratam os que sobraram como ratos de laboratório e experimentam em cada refúgio, de maneira diferente, formas de viver no pós-explosão, com super-valorização do consumo, da propaganda, e de uma pseudo-democracia, com resultados controlados. Os habitantes dos refúgios inclusive negam o mundo que segue existindo acima de maneira precária, numa barbárie, com profundas marcas da bomba e da destruição da sociedade até ali constituída.


Mais do que nunca, Fallout nos mostra a necessidade de um Estado forte, que barre a sanha de lucro e controle incessante das corporações sobre a vida, os países, as pessoas e o futuro. Sem entregar o que o seriado traz (os famosos spoilers), basta dizer que o que já vimos décadas atrás no célebre filme “Obrigado por Fumar” cabe como uma luva para explicar até onde os grandes capitalistas se dispõe a ir em ambientes de Estado diminuto ou inexistente para viabilizar lucros exponenciais que vão além do dinheiro em si. Afinal, diz a famosa frase “tempo é dinheiro”, então o tempo tem um valor equivalente ou superior do que a moeda quando tratamos do lucro.


Assistam e opinem, mas é quase impossível não se arrepiar no desfecho da primeira temporada, a sanha pelo lucro tem um quê de maquiavelismo e os escrúpulos não pertencem ao mundo do capitalismo de rédeas soltas, sem um governo que ajude a organizar a sociedade de maneira menos desigual. Um importante alerta na forma de ficção, mas com sabor de realidade...


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