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Morre Abby Moreira, primeira mulher trans a se tornar guarda municipal do país

A causa da morte será investigada pelo Serviço de Verificação de Óbito (SVO)



Do G1 PE

Foto: WhatsApp/Divulgação


Primeira mulher trans a assumir o cargo de guarda municipal no país, em 2017, Abby Silva Moreira morreu neste sábado (24), aos 46 anos, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. Segundo a prefeitura da cidade, ela teve um mal súbito enquanto dormia em sua residência, no bairro de Candeias. A causa da morte será investigada pelo Serviço de Verificação de Óbito (SVO).


Abby era concursada da Guarda Municipal e estava cedida à Secretaria de Direitos Humanos do município. De acordo com a prefeitura, a família informou que ela se levantou à noite para tomar água, voltou a dormir e não despertou mais.


Guarda municipal denunciou transfobia

Primeira e única mulher trans a assumir o cargo de guarda municipal em Jaboatão dos Guararapes, Abby foi afastada das atividades de rua em fevereiro de 2022 e denunciou que vinha sofrendo transfobia. Na época, ela contou ao g1 que teve gratificações salariais cortadas, mesmo sendo concursada.


Abby também relatou que seguia tratamento para depressão e o quadro se agravou desde 2021, devido à transfobia da qual era vítima e que resultou em duas internações psiquiátricas. Após a denúncia, o então comandante da Guarda Municipal de Jaboatão, Admilson Silva de Freitas, foi exonerado.


Guarda municipal denunciou transfobia

Primeira e única mulher trans a assumir o cargo de guarda municipal em Jaboatão dos Guararapes, Abby foi afastada das atividades de rua em fevereiro de 2022 e denunciou que vinha sofrendo transfobia. Na época, ela contou ao g1 que teve gratificações salariais cortadas, mesmo sendo concursada.


Abby também relatou que seguia tratamento para depressão e o quadro se agravou desde 2021, devido à transfobia da qual era vítima e que resultou em duas internações psiquiátricas. Após a denúncia, o então comandante da Guarda Municipal de Jaboatão, Admilson Silva de Freitas, foi exonerado.


Militante pelos direitos das pessoas trans e LGBTQIA+


Abby Moreira era uma militante pelos direitos da população LGBTQIA+ e em sua trajetória para viver como mulher trans enfrentou diversos preconceitos e muitos desafios.


Em 2017, participou de uma campanha da ONG Gestos - Soropositividade, Comunicação e Gênero pelos direitos da população LGBTQIA+. Num podcast gravado para a campanha "Gestos pela Igualdade", Abby contou como foi o percurso até conseguir viver sua identidade de gênero.


Nascida no Rio de Janeiro, de família religiosa, Abby contou que desde os 4 anos sabia que seu corpo não refletia a sua identidade, mas apenas em 2014 conseguiu iniciar o processo de transição de gênero. "Nunca me vi como homem, sempre me vi como mulher", disse.


Abby contou também que demorou para conseguir se aceitar. Casou-se aos 18 anos, ainda vivendo com o gênero masculino - numa relação que continuou por toda a vida. Formada em administração de empresas, Abby contou que foi empresária (dona de gráfica), escrevia poesias e atuava como guarda municipal em Jaboatão dos Guararapes - cargo que assumiu após a transição de gênero.


Também no podcast da Gestos, Abby disse que enfrentou diversos tipos de preconceito.


"Já sofri preconceito em transporte público; pessoas já se negaram a sentar ao meu lado e segui a viagem inteira sentada sozinha. Já ouvi piadas e agressão. Isso dói muito. (...) Não é possível fechar os olhos para a população LGBT. Somos o país que mais mata pessoas LGBT no mundo; que mais mata mulheres trans no mundo. Não dá pra esquecer que a população trans é uma população excluída da sociedade, excluída de trabalhos, excluída do sistema de educação. Não dá pra fechar os olhos para uma população que sofre, é marginalizada. A sociedade precisa conhecer nosso direito, precisa nos aceitar, porque nós existimos", disse.

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