A Superintendência da Defesa Civil de Jaboatão informou que está monitorando a área do Alto da Colina desde o dia 28 de maio
Do G1 PE
Foto: Reprodução/TV Globo
Moradores do Alto da Colina, no bairro de Cavaleiro, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, denunciam a existência de barreiras sem proteção. Desde as chuvas do fim de maio, as casas de vizinhos viraram abrigo para quem perdeu tudo. Três pessoas morreram em deslizamentos que ocorreram na comunidade.
A Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes afirmou que técnicos avaliam um projeto definitivo para a comunidade e as equipes orientaram os moradores a procurarem um local seguro.
No sábado, dia 28 de maio, choveu bastante no estado. O temporal provocou deslizamentos, alagamentos e 129 mortes no estado, inclusive na comunidade.
No Alto da Colina, o barro destruiu três casas. Em uma delas estavam Elaine Maria da Silva, de 26 anos, e o filho Victor Henrique, de 1 ano, que morreram soterrados.
A Superintendência da Defesa Civil de Jaboatão informou que está monitorando a área do Alto da Colina desde o dia 28 de maio e que, no momento, "não é recomendável colocar plástico nas barreiras que estão encharcadas".
O pai de Elaine, o auxiliar de serviços gerais Josivaldo Alves de Oliveira conseguiu escapar do deslizamento e ainda salvou o genro, mas não conseguiu ajudar a filha.
“Pensei que era simples, quando eu vi, mas um desastre total. Ele enterrado do pescoço para baixo. Ainda puxei meu genro, foi terrível. Quando procurei a menina, digo cadê ela, tá ali, ali aonde? Ela já estava embaixo do barro e não teve mais jeito", lembrou.
Homem disse que, se tivesse condições, não iria morar naquele local. “Se eu tivesse condições de botar minha família num lugar melhor, eu não estaria aqui. Acho que nenhum vizinho estaria aqui no momento. Só estamos aqui, porque nossos governantes não dão um apoio para a gente", afirmou.
Os filhos da dona de casa Jandira Ferreira da Silva ajudaram no resgate das vítimas. Ela afirmou que os moradores ligaram para o Corpo de Bombeiros e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas ninguém chegou.
"Tinha mais de cinquenta homens, cada um com balde, ficou cheio de gente, mas ligava, ligava e ninguém vinha. Nem bombeiro nem Samu, nem nada. Quando acharam o corpo, socorreram, mas, infelizmente, estava sem vida", disse.
Casas que ficam perto da barreira continuam risco. A vendedora e diarista Silvania Margarida do Carmo espera uma resposta da Defesa Civil de Jaboatão.
"Pegou aqui só o relatório, anotou nas papeletas e foi embora. Não teve nenhuma promessa de lona, um paliativo, não teve nada até hoje. Estão as barreiras em risco, com cano de fossa, porque não tem saneamento básico", afirmou.
Medo
Também no dia 28 de maio outra barreira deslizou no Alto da Colina. Atingiu três casas onde moravam dez pessoas da mesma família. Flávio de Sousa Ferreira foi o único que ficou soterrado e morreu. Torcedor do Sport, ele completaria 49 anos nesta quinta (9).
A mãe dele, a dona de casa Tereza de Souza Ferreira, conseguiu fugir. Contou que o filho estava dormindo com fone nos ouvidos. Ele foi encontrado por vizinhos.
"Botei a mão no coração dele e estava lento lento. Um senhor veio também, começou a dar massagem, botou ele nas costas e saiu com ele numa carreira, foi atrás de um carro de mão. Por sorte apareceu carro, levou ele pro hospital, ainda com vida, mas no outro dia...", lembrou.
A cuidadora de idosos Risonilda de Sousa é irmã de Tereza. A casa dela e do filho ficaram destruídas. Disse que espera a chegada da Defesa Civil para dizer o que ela pode ou não fazer com a sua moradia.
"Eu perdi tudo, tudo. Hoje em dia eu estou vivendo de favor na casa da sogra, dormindo pelo chão. Meu marido está com dificuldade de andar, porque se machucou, meu filho todo cortado, minha nora também toda cortada e isso dói muito", disse.
Moradores reclamam que o Alto da Colina tem várias barreiras sem qualquer proteção e afirmam que nada foi feito para prevenir novos deslizamentos.
“A Prefeitura de Jaboatão nunca passou por aqui, nunca veio, nem antes nem depois dos deslizamentos”, afirmou a dona de casa Andreza Maria da Hora.
Parte de outra barreira já caiu e o que sobrou virou ameaça para quatro casas. Em uma delas morava o aposentado Edinaldo Nascimento Oliveira.
Está pagando aluguel em outro lugar depois que o barro entrou na casa dele. “Aqui não vem ninguém, isso aqui é lugar esquecido", disse.
O que diz a prefeitura
A Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes afirmou que técnicos avaliam um projeto definitivo para a comunidade e as equipes orientaram os moradores a procurarem um local seguro. O Executivo municipal acrescentou que foram disponibilizados 12 abrigos na cidade.
A Defesa Civil de Jaboatão atende pelos números 0800 281 2099 ou 99195 6655.
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