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Mendonça afirma que o PSB está saturado e reforça unidade da oposição em Pernambuco

Atualizado: 15 de set. de 2021

Segundo ex-ministro da Educação e ex-governador, seus planos para 2022 é voltar para a Câmara Federal

Foto: Valter Campanato

O presidente do DEM de Pernambuco, Mendonça Filho, concedeu entrevista ao Mais Jaboatão. O ex-governador e ex-ministro da Educação abordou os efeitos da pandemia do novo coronavírus e os reflexos para as eleições presidenciais. No cenário estadual, afirmou que o PSB já está saturado e que é necessário unidade, fator primordial, para viabilizar o palanque da oposição para disputar o governo de Pernambuco em 2022.


Pré-candidato a deputado federal, Mendonca trouxe o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, que vai se filiar ao DEM no próximo dia 25 de setembro, no Recife, para viabilizar sua candidatura ao governo do Estado. Sua saída do MDB aconteceu por ter esse seu desejo, de disputar o executivo estadual, mas foi barrado por lideranças do MDB que são aliados do PSB.


Abaixo, leia entrevista completa:

Mais Jaboatão (MJ) - Qual a sua opinião sobre o governo Bolsonaro?

Mendonça Filho - Numa conjuntura nacional e no ponto de vista econômico, está distante daquilo que a gente deseja. Crescimento ainda muito baixo e índice de desemprego elevado. A pandemia, a gente sabe que foi a causa principal dessa crise global vivida. O Brasil registrou quase 600 mil mortos.


E isso diretamente afetou também o ambiente econômico, gerando desemprego. Muitas empresas quebrando, fechando. De um lado, a tese da necessidade da preservação de emprego, é uma coisa importante. A outra, é a defesa das vidas.

E, evidentemente, no processo de um programa de vacinação que garanta a proteção à vida e, em segundo plano, ao mesmo tempo também, a geração de oportunidades de emprego para que a economia volte ao seu normal.


MJ - O que aconteceu para o Brasil registrar quase 600 mil mortos por Covid-19?


Mendonça Filho - O coronavírus era uma doença desconhecida, que surgiu na China e se espalhou pelo mundo. Ela foi avançando de forma avassaladora. Não tinha vacina. Mesmo as teses que foram difundidas de medicações, poderiam atenuar ou até inibir a proliferação da contaminação. Não aconteceu até porque se tivesse ocorrido uma solução por meio desses medicamentos prescritos, originalmente, não teríamos chegado a quase 600 mil mortos no Brasil.

A grande missão do governo é prover a vacina e o acesso porque isso, de fato, protege as pessoas como demonstra claramente a queda de infectados, de hospitalizados e de mortos. Para mim, essa é a luta e a prioridade que deveria ter sido estabelecida desde o primeiro momento. O governo meio que oscilou, até retardou e não teve disposição de avançar na compra da Coronavac, uma das vacinas que foi adquirida em São Paulo e outras mais.


Posteriormente, tomou a decisão de avançar nesse campo da vacinação e, hoje, a gente tem um percentual da população bem elevado, o que contribuiu para que tivesse um índice de contaminação caindo e de mortes também. O que é uma coisa positiva.


MJ - Essas mortes por Covid-19 podem interferir na disputa presidencial para 2022?


Mendonça Filho - Está muito confuso, nebuloso. Como cidadão, tenho uma oposição histórica antipetista e contra o Lula. Depois das condenações e reiteradas decisões dos tribunais federais com relação a ele, é um absurdo que a gente tenha que viver uma situação onde, cinco anos depois, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconsidere a decisão, transformando de condenado em vítima do sistema judiciário brasileiro, corroendo a credibilidade do judiciário do país.

O quadro político eleitoral para 2022 não está definido. Existem duas pré-candidaturas postas com Lula e Bolsonaro. Existe um campo no meio que está sendo disputado por vários atores da política nacional: Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul; Rodrigo Pacheco, presidente do Senado; Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde; João Doria, governador de São Paulo e Ciro Gomes, ex-governador do Ceará e ex- ministro. Vamos aguardar para ver como vamos entrar em 2022 com esses nomes. Até aqui, temos um cenário ainda muito aberto e imprevisível com relação à sucessão presidencial.


MJ - Como avalia as candidaturas de Lula e de Bolsonaro?


Mendonça Filho - Temos duas candidaturas fortes. O bolsonarismo é forte e essa candidatura de Bolsonaro não pode ser desprezada. E o petismo, principalmente no Nordeste, também. Ele (Lula) cai quando migra para o Centro e Sul do país e carrega um peso muito forte das condenações, das denúncias sérias dos governos do PT nesses 13 anos que governaram o país. Não só com o Lula mas com a Dilma ( referindo-se ao impeachment). Mas não dá para você cravar agora o que vai acontecer no processo eleitoral do próximo ano.

MJ - Quais os reflexos do cenário nacional que podem impactar em Pernambuco para as eleições de governador?

Mendonça Filho - O cenário nacional influencia o debate local. Acredito que os quase 16 anos do governo PSB em Pernambuco chegou a um ponto que saturou. Totalmente saturado. A opinião pública pernambucana quer uma opção. Vamos marchar para buscar opção.


Temos nomes que estão colocados no cenário estadual: Anderson Ferreira, prefeito de Jaboatão dos Guararapes, está saindo muito bem. O de Raquel Lyra, prefeita de Caruaru, também muito competente, reconhecida como prefeita de sucesso e Miguel Coelho, prefeito de Petrolina, jovem bastante qualificado. Além desses três, soma ainda o nome de Priscila Krause, que ascende e que também figura como uma candidata majoritária possível.

No momento certo, vamos encontrar aquele ou aquela que vai empunhar a mudança da renovação política de Pernambuco, apresentando uma proposta que coloque de volta o Estado no cenário de liderança, que sempre teve no Nordeste e no Brasil.


MJ - O resultado das eleições municipais do Recife de 2020 vai trazer algum efeito para 2022 no Estado?

Mendonça Filho - O desejo de mudança era muito maior do que o resultado da própria eleição. Ocorreu que um jogo mais ou menos combinado. As duas forças que foram para o segundo turno foram forças co-irmãs. Tanto é que a eleição agora para Governo do Estado já começa a unificar os palanques: PE e PSB novamente. Vindo de dois primos, João e Marília.


Dizia que era fruto da mesma raiz política, da esquerda de Pernambuco, e Recife estava abandonado. Infelizmente, por muito pouco, por uma fração de mais de dois pontos percentuais, não fui para o segundo turno. As pesquisas na véspera de eleição contribuíram para esse cenário.


O Ibope cravou João com 39, ele teve 29. Disse que eu teria 18, eu tive 25. E isso induziu a muitos eleitores a não saírem de casa e contribuiu, infelizmente, para que não pudesse passar para o segundo turno. Eu lamento muito mas é um fato que aconteceu. A gente vira a página e olha para o futuro.


MJ - Com o resultado da eleição do Recife, o que a oposição aprendeu para que não se repita em 2022?

Mendonça Filho - Tem que trabalhar em forma da unidade. Esse é o fator que vai viabilizar o palanque da oposição. Existem alguns nomes que têm sido considerados os mais prováveis dentre os candidatos possíveis ao governo, no caso de Miguel Coelho, Anderson Ferreira, Raquel Lyra e Priscila Krause.


Mas essa definição deve ocorrer até o final deste ano e o início do próximo para que a gente possa ter um candidato que seja lançado, que discuta com a sociedade uma plataforma de mudança, fundamentais para transformar a realidade do Estado. Que Pernambuco possa recuperar o terreno perdido. Acredito nesse caminho e vou trabalhar para que possa se viabilizar



MJ - Quais os planos para 2022?


Mendonça Filho - Já anunciei que meu projeto para o próximo ano é uma candidatura para deputado federal. Pretendo voltar para o Congresso Nacional, evidentemente, que essa minha disposição vai depender da vontade do eleitor. Vou percorrer o Estado, apresentar o meu legado, histórico no parlamento como governador e como vice, mas recentemente, como ministro da Educação. Tenho uma história de luta, de trabalho e de realizações. Espero que possa ser reconhecido pelo povo pernambucano no processo eleitoral do próximo ano.


MJ - Quais as principais ações realizadas quando ocupou o cargo de ministro da Educação?

Mendonça Filho - Entre as ações, participei da reforma do Ensino Médio, novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mudança no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) com juros zero. Realizamos, investimentos na Educação Infantil com creches, pré-escolas, construção de quadras e implantação de escolas em tempo integral.


Em Pernambuco, trouxemos recursos federal para a educação técnica. O município do Jaboatão dos Guararapes está ganhando uma escola técnica vinculada ao Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), cujos recursos foram garantidos ainda como ministro. Vários municípios da Região Metropolitana também foram contemplados, como Abreu e Lima, Cabo de Santo Agostinho, Igarassu e Paulista.



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