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Documentário "Muribeca" retrata luta e resistência do conjunto habitacional

O longa conta com depoimentos de moradoras que revelam uma Muribeca diversa e vívida em suas memórias pessoais

Da Agência de Notícias das Favelas

Foto: Divulgação


O documentário pernambucano Muribeca foi exibido gratuitamente ao ar livre, na última semana, em frente à sede da organização comunitária Somos Todos Muribeca, no Conjunto Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes. O longa independente, com 78 minutos, conta a história de afeto, resistência e luta dos moradores do Conjunto Habitacional Muribeca para salvar a comunidade do colapso de sucumbir a destruição dos blocos de apartamentos e do apagamento de suas memórias afetivas.


Os diretores começaram o projeto em 201 com a concepção do filme e as visitas técnicas ao conjunto residencial. As filmagens duraram um ano, de 2018 a 2019. Durante esse período acompanharam de perto as histórias narradas pelos moradores e exmoradores da comunidade. Todo o projeto é independente e contou com uma equipe de colaboradores que abraçou a ideia e tornou possível a realização da obra. O filme é o primeiro longa de Alcione Ferreira e Camilo Soares.


O documentário conta com depoimentos de moradoras que revelam uma Muribeca diversa e vívida em suas memórias pessoais, como o relato do poeta Miró, falecido em julho deste ano na emocionante cena em que revisita o apartamento 307 da quadra 04 tomado pelo vazio: “Você vê um filme passando que não existe mais e não pode trazer mais, né? Você pode até rever mas não tem mais. Não existe, é isso… pura saudade”.


Para os autores, o filme possibilita a discussão sobre dimensões que, do ponto de vista das políticas públicas, ainda passam ao largo nas questões relacionadas ao direito à cidade. “O cinema pode não apenas propor uma reflexão sobre esse processo de objetificação do mundo, mas também de instigar novas formas de sensibilidade que são o início de uma força efetivamente política e construtiva. E isso vai muito além de questões geográficas, estamos falando da luta pela validação do afeto como pressuposto fundamental na garantia da moradia, que é um direito humano inegociável.” Defende Alcione Ferreira,co-diretora do filme.


“Acreditamos que o cinema, por sua natureza icônica e indicial com a realidade e sua construção mental e afetiva, é um instrumento privilegiado para compreender o intricado processo da Muribeca atual, que reflete uma realidade global para a qual a lógica funcional mercantil se impõe sobre valores afetivos, ambientais, históricos e culturais”, pontua Camilo Soares, co-diretor do filme.


Em 2021 O filme recebeu prêmio de melhor direção no 6º SANTOS FILM FESTIVAL– Festival Internacional de Cinema de Santos e prêmio de Menção Honrosa de melhor roteiro no 14° FESTIVAL INTERNACIONAL CINE DEL MAR, em Punta Del Este, Uruguai e na 25° edição do CINE PE – Festival do audiovisual de Pernambuco. Recebeu prêmio de Melhor Documentário da América do Sul edição outono 2022/2023 do BEST FILM AWARDS.


SINOPSE:


Diante da iminente transformação de seus lares em uma verdadeira cidade fantasma, moradores do Conjunto Habitacional Muribeca expressam a morte física de uma comunidade ainda viva nos sentimentos e na memória. O desaparecimento do bairro (em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco), devido a problemas estruturais, à especulação imobiliária e a um longo e turvo imbróglio entre moradores e órgãos responsáveis pela obra, é testemunhado a partir de resiliências e resistências, de paisagens afetivas e lembranças, que ora buscam abrigo na nostalgia, ora reacendem a chama resoluta da esperança.



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