O primeiro, de Feira de sonhos: artesanato pernambucano – volume 2, ocorre no sábado (08), às 18h
Imagem: Divulgação
O fim de semana será de lançamentos da Cepe Editora na 23ª Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte). O primeiro, de Feira de sonhos: artesanato pernambucano – volume 2, ocorre no sábado (8), às 18h. No domingo (9), às 17h, a companhia lança A lírica de Carlos Augusto Lira. Os lançamentos estão programados para o Espaço Janete Costa, na parte externa da feira, a maior do ramo de artesanato da América Latina.
Feira de sonhos é resultado de três meses de viagens dos jornalistas Catarina Lucrécia, Daniela Nader e Márcio Markman, que percorreram quase três mil quilômetros entre o mar e o Sertão para encontrar 15 grandes nomes da arte popular do estado. Nas 224 páginas do título, os autores desbravam o universo social, cultural e de resistência de mestres e mestras que transformam couro, fibra, barro e madeira em peças únicas.
Dos artesãos que integram o livro, seis moram na Região Metropolitana do Recife (RMR), um reside na Mata Norte, três no Agreste e cinco no Sertão. “Quando a gente decidiu contar a história dos mestres, a intenção era fazer com que as pessoas enxergassem muito além das lindas peças e embarcassem em uma viagem pelo riquíssimo universo da cultura popular pernambucana. E que também tivessem um olhar mais apurado para a vida desses artistas em todos os aspectos, além de mostrar que a arte tem um papel fundamental na transformação social de um povo, de um país, quando é trabalhada como uma forte política pública”, explicam os autores.
Catarina Lucrécia e Márcia assinam os textos e Daniela é a autora das mais de 300 fotografias da obra. O primeiro volume de Feira de sonhos, com o perfil de 11 mestres e mestras do artesanato, foi lançado em 2022 pela Cepe Editora.
Mestre Cunha é um dos personagens com a história contada. Morador de Jaboatão dos Guararapes, ele constrói peças em madeira há mais de 30 anos. Assim como ele, outros sete mestres retratados no livro trabalham com madeira: Abias (Igarassu), Saúba (Jaboatão), Wagner Porto (Garanhuns), Marcos (Sertânia), Chico Santeiro (Triunfo), Bezinho (Ibimirim) e Mazinho (Lagoa Grande). Dos 15 artesãos retratados no livro, mestres Mano de Baé (Tracunhaém), Nado (Olinda), Nena (Cabo de Santo Agostinho) e Luiz Antônio (Caruaru) lidam com barro. Os autores também mostram as xilogravuras do Mestre J. Borges (Bezerros) e os trabalhos em fibras da Mestra Chiquinha (Salgueiro) e das tapeceiras do Timbi (Camaragibe).
COLEÇÃO - A Lírica de Carlos Augusto Lira trata da coleção deste colecionista e arquiteto. Ao longo de 45 anos, ele adquiriu 4.620 peças entre arte erudita e popular, utilitários e brinquedos. O livro, com 346 páginas, traz depoimentos de Lira unidos à curadoria e à escrita de Ciema Silva de Mello, doutora em antropologia. “Eu sempre quis fazer o livro para a minha Coleção. Mas, como eu não saberia fazer escrevendo, eu fiz falando, e o pessoal transcreveu o que eu falei”, revela o arquiteto. A segunda edição da obra esgotada é bilíngue e enriquecida por fotografias feitas por Dudu Schnaider e Emiliano Dantas.
Ciema define o acervo como “uma bem-sucedida sociedade sem classes” e faz uma análise cirúrgica: “A Coleção é um prolongamento da índole, das convicções, das preferências e até das aversões de Carlos Augusto. Absorve a gravura de Portinari com a mesma naturalidade com a qual incorpora o milésimo ex-voto, pois assinaturas ilustres não ofuscam os anônimos.” Resistente a classificações, o conjunto é vasto e variado. Dos santos aos ouros e pratas, das bilhas (vaso de barro) às colheres de pau, por exemplo.
Como colecionador, Carlos Augusto se tornou tão expert que sabe reconhecer um talento antes de ele ser “descoberto”. Arrematou peças de Mestre Nuca (1937-2014), de Nazaré da Mata, antes de seus leões cacheados ganharem fama mundo afora. O mesmo aconteceu com o caruaruense Mestre Vitalino (1909-1963). Talvez o mesmo ocorra com o jovem artesão Ratinho, do Alto do Moura, em Caruaru, de quem Lira adquiriu a mais recente peça da sua Coleção, na Fenearte de 2022, que já teve sua curadoria em algumas edições.
Além de Feira dos sonhos e A Lírica de Carlos Augusto Lira, a Cepe Editora lançará nesta edição da Fenearte o livro Além do barro: heranças de Vitalino no Alto do Moura do século XXI, do professor do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Marcio Sá. Será na quarta-feira (12/07), às 17h, no Espaço Janete Costa.
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